segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Apresentação sobre o Filme "The Secret"

Na terça-feira retrazada, dia 4 de setembro, o tema do mini-seminário abordado foi o filme "The Secret" que se baseia na teoria "real" de um grande segredo que foi protegido a ferro e fogo. Homens e mulheres extraordinários o descobriram e não só alcançaram feitos incríveis como também mudaram o curso de nossa história. Platão, Da Vinci, Galileu, Thomas Edison, Beethoven, Napoleão, Abraham Lincoln e Einstein foram alguns dos grandes homens que, segundo o filme, controlavam a força desse mistério.

Segundo a própria autora do livro e filme "The Secret" - que acredita fielmente no segredo:
"À medida que percorrer suas páginas e aprender O Segredo, você passará a saber como pode ter, ser ou fazer o que quiser. Passará a saber quem realmente é. Passará a saber a verdadeira grandeza que está à sua espera na vida."

Mas o que é o tal segredo?
É o poder de atrair as coisas que se deseja pela chamada “lei da atração”: "o mundo é sempre uma projeção da imagem que temos dele". O livro se baseia na idéia de que se pensamos de forma negativa e destrutiva em relação a nós mesmos, dificilmente é possível se conseguir o que deseja. Naturalmente, pensamos em tudo o que NÃO queremos; The secret – O segredo nos lembra que é preciso, SEMPRE, pensar no que se quer, agir com determinação e foco.

O filme ilustra esse poder da mente com estudos reais e testemunhos das pessoas que transformaram suas vidas nos âmbitos financeiros, amorosos, na erradicação das doenças, superação de obstáculos e na conquista de objetivos bem significativos.

A maioria das pessoas diz ter achado o filme exagerado pelas histórias 'reias" que ele mostra. Porém, exagerado ou não, ele causou o interesse das pessoas, uma vez que é um dos maiores fenômenos editoriais do mercado americano. Em dois meses vendeu 4 milhões de exemplares e está há cinco semanas na lista do New York Times.

Confesso que acho o filme exagerado. Mas, entendo as razões da autora para fazê-lo desta forma.
Acho que, se as histórias não fossem tão explícitas e diretas, as pessoas não iriam entender de verdade os princípios do "segredo" que ela estava tentando explicar.
É um paradoxo, pois se de um lado, o filme peca pelas histórias absurdas, por outro, deixa bem claro como deve funcionar a Lei.

Já li alguns livros sobre Programação Neurolinguística (PNL), que possui princípios parecidos com os do filme.
A PNL é uma é uma psicologia que ensina a controlar suas próprias reações e sentimentos com o poder da mente e da linguagem corporal. Com exercícios de pensamento, é possível esquecer frustrações amorosas, controlar-se emocionalmente em situações diversas e conseguir alcançar objetivos. É claro que a PNL não prega que apenas mentalizando o que se quer, fazendo exercícios mentais e aperfeiçoando a linguagem corporal (timbre da voz, jeito.....) irá se conseguir o que deseja. Mas sim, que a mente é capaz de nos controlar por inteiro. É só sabermos usá-la corretamente.

Alguns exercícios são interessantes, até para a nossa profissão de jornalista.
A PNL ensina, que é preciso melhorar a comunicação para obter a simpatia, identificação ou até descobrir o que se deseja de uma pessoa.
Para isso, devemos treinar falar da maneira mais próxima da pessoa. Se ela é agitada e fala com as mãos, por exemplo, faça o mesmo e se demonstre identificação com seu jeito. Se ela fala baixo e suave, acompanhe. Imite até seus movimentos corporais e os movimentos mais delicados que ela faz. - parece bobo, mas tente e verá que funciona.

Outro exercício interessante é pensar em algo que se quer muito (passar no vestibular, tirar a carteira de motorista, conseguir uma vaga de estágio)...Semanas antes do teste ou da entrevista, tente mentalizar, todos os dias, o maximo de vezes possíveis, você conseguindo o que desejava: o que sentiria, como seria. Segundo a PNL, você acaba decorando a cena e sem perceber, acreditando naquilo, o que ajuda e muito na auto-confiança.
Experiência própria depois de ler 3 livros sovre a PNL? Funciona.
Termino essa postagem com uma dica de leitura - sobre PNL é claro:
"Poder sem Limites" Anthony Robbins


Abraços a todos e obrigada por nos acolherem no grupo!
Roberta

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Humor

Na terça feira passada, o nosso grupo realizou o "mini-seminário" discutindo o tema: humor e suas diferentes vertentes.
Numa apresentação versátil, o grupo iniciou explicando fatores "biológicos" do riso.
Depois, citou as origens do humor como gênero, que surgiu como sátira aos costumes socias, criando “tipos” (ex: o padre, o padeiro etc) para ironizá-los, o que se resume na expressão: “Ridendo castigat mores” (Rindo se castigam os costumes).
Mostrando diferentes tipos de humor, o grupo divertiu a classe com vídeos de "Os Simpsons”, Chaplin e o grupo Monty Python com “Futebol dos filósofos”, “Em busca do Cálice Sagrado”, dentre outros.

Comentário pessoal:

Somos novas na sala e fazíamos parte do Grupo “Douta-ignorância” com nossos colegas da noite. O engraçado foi que em nosso mini-seminário do semestre passado, tratamos sobre o mesmo tema: Humor.
Porém, abordamos mais as obras que consagraram o gênero, como “Tartuffo” de Molière e "O auto da barca do Inferno”, de Gil Vicente. Além disso mostramos como funciona o trabalho dos Doutores da Alegria – voluntários que trabalham em hospitais,caracterizados de palhaços, levando alegria e piadas para aqueles que não vêem mais esperança de cura.
Achamos que o ponto alto da apresentação do grupo da manhã foi atrair a atenção da sala com vídeos interativos e engraçados. E além disso, o tema gera uma grande discussão, principalmente para nós que vivemos nessa cidade caótica e estressante que é a cidade de São Paulo. E a nossa mensagem fica aqui: sorrir é, definitivamente, fundamental.

Abraços...

Paola e Roberta

Para quem quiser rever o Futebol dos Filófos, segue abaixo o link:

http://www.youtube.com/watch?v=moWZm66J_yM

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Pena de Mentira

Eu tenho amigos verdadeiramente geniais. Eu tenho a tendência a ver as outras pessoas como mais importantes, ou "melhores" na arte de viver que eu. E uma afirmativa não desmerece a outra.

Um desses meus amigos faz quadrinhos... tive a surpresa de lê-los ainda outro dia, e descobrir que algumas pessoas conseguem sim escrever como me sinto. E provavelmente não só como eu me sinto, mas como um milhão de pessoas por aí deve se sentir, esperando que um significado maior pra isso que chamam de "vida" lhes seja entregue, e descobrindo que, pois é, talvez não tenha sentido nenhum em viver. Descobrindo que são eles que têm que descobrir o quê e como fazer, e como enfrentar as coisas. Descobrindo que talvez Deus não exista, que talvez todos sejamos Deus e que nada disso importe. Descobrindo - ou resolvendo - como eu, que se não há garantia que alguém vai me assegurar, me ajudar ou me proteger, então eu deveria começar a fazer isso direito.

Descobri que pena não é o suficiente pra fazerem algo por você. E que, na verdade, todos se dizem tão bons e tementes a sei lá o quê, cheios de pena e amor e teorias de bondade para com os outros mas não conseguem nem olhar pro lado e ver que talvez aquela pessoa ali no canto, a quem todos encheram de rótulos e julgam tão mal possa estar precisando de ajuda - ou mesmo que ela possa ser digna de ajuda. Enfim... sabe aquelas visões paladínicas que alguns têm sobre as pessoas a serem ajudadas? Os pobres, os desvalidos, os sofredores que não têm poder suficiente pra se levantar, e são rebaixados, calados e condenados ao sofrimento por essa sociedade burguesa injusta? Então, eles são pessoas. E talvez se vocês os conhecessem, em vez de montar esse ideáriozinho infeliz pra fingir que sentem pena, e que pena faz alguma coisa por alguém, talvez vocês descobrissem que não consideram essa pessoa digna de ser ajudada. Não, não queremos você, seu bêbado sujo. Queremos um inocente pra ajudar. Saia da frente da minha bondade, sim?

É uma "pena" que só serve pra a auto-indulgência de bondade.

Nesses últimos dias eu descobri que sou feita de catarro. Sangue, catarro e algum humor - seja ele bom ou mal. E muita, muita baixo-estima foi diagnosticada também.

É justo deixar seus pais maltratarem você sob o pretexto que revolta contra isso é ingratidão? É justo ter que suportar tudo calado, pra poder ir pro céu? É isso que "Deus" quer de mim, que eu seja uma boa menina, que não fale palavrão, que ame a tudo e a todos? E quanto esse tudo e todos me fizer mal? Eu dou a outra face? Estampo um sorriso no rosto, passo a mão na cabeça, arrumo uma desculpa e finjo que não estou magoada? Isso vai me fazer uma pessoa melhor?

Decidi não deixar mais ninguém me magoar. Será que isso vai me fazer ficar sozinha? Maldita dificuldade em mandar tomar no cu...

Ah, sim, o blog do meu amigo: http://www.metafora.blogspot.com

A verdade está na internet! http://www.youtube.com/watch?v=hV76KXU1x6g

Mariana.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Ufanismo Universitário

Foram 4 dias ao todo. Era o JUCA (Jogos Universitários de Comunicação e Artes), reunindo 8 faculdades em meio a jogos e muita festa. Além da Cásper, Metodista, FIAMM, Mackenzie, PUCC, PUC-SP, FAAP e ECA-USP jogaram modalidades como futebol, futsal, volei, natação, handbol e rugby. No meio disso tudo, surgia com muito fervor entre os universitários, o amor pela faculdade.

Talvez seja porque foram 4 dias em contato com pessoas de todos os cursos, torcendo pela mesma faculdade, cantando e erguendo o bandeirão vermelho.

Talvez seja porque todo dia, na caminhada até os ginásios onde aconteceriam os jogos, eramos acompanhados por um verdadeiro exército de pessoas sobre as mesmas cores e por um carro de som que, além de guiar a caminhada, distribuía cerveja.

Talvez seja pela presença da bateria, que agitava torcedores e atletas, entoando cantos de incentivo à faculdade, e que, pela sua simples presença, já impressionava. Quem se esquece dos aplausos de todo o pessoal quando, no primeiro jogo, a bateria começava a tocar em meio ao silêncio, ou então das vezes em que tocavam o poderoso "louco, louco, eu sou da Cásper!".

Talvez pela presença das figuraças da Cásper Líbero, como o inigualável Homem Pássaro, capaz de voar pelas arquibancadas, derrubar o leão da ECA no estádio e "dançar com um pé só" na frente da torcida da Mackenzie. Ou então o Homem Grito, que inflamava a torcida nos jogos e nas baladas, cantando o clássico "what a wonderful world".

Talvez pelo fato de que a balada do alojamento, a qual só casperianos participam, tenha sido a melhor festa do JUCA. Com presença de uma banda, e regada a muita discotecagem de variados rítmos, foi a noite mais animada. Além da presença também, na primeira balada, organizada pela Liga Universitária, do ex-estudante da Cásper Sérgio Mallandro!

Talvez ainda, pela raça e garra com que os atletas de vermelhor levaram a Cásper até sua melhor colocação geral em todas as edições do JUCA: 2° lugar. Isso porque pontos foram perdidos por conta de bombas estouradas em jogos e brigas causadas. Por um momento, lideramos o quadro geral.

Provavelmente o esse ufanismo universitário atingiu membros de todas as faculdades ali presentes. Dava pra notar quando na rua se cruzavam duas cores diferentes: muita rivalidade. É nessas horas que, mais do que nunca, dá orgulho. É como disse Sérgio Mallandro: "Ráá, IéIé, Gluglu, eu sou feliz porque sou da facul (Cásper!!)"

viva o JUCA e viva a Cásper. É por isso que só eu sei porque não fico em casa.

Por Danilo Vital

quarta-feira, 23 de maio de 2007

É impossível que alguém tenha chegado à faculdade sem ouvir a palavra "responsabilidade". Aliás, muito mais do que isso, qualquer um que tenha passado pela adolescência tem o dever de conhecer esse termo, que tanta pressão nos tráz.

Lendo um ensaio de Louis Hodges para um livro de Deni Elliott, compreendi que a responsabilidade só tem sentido quando vivemos em sociedade. É fácil encontrar exemplos para esse fato, basta pensarmos que exercemos influência e somo influenciados pelas atitudes dos demais seres à nossa volta. Portanto, nossas responsabilidades com a sociedade são grandes, sejam elas impostas ( quando o Estado impõe certas regras que devemos acatar ), contratuais ( tipo contratos bilateras, como numa família, onde obrigações recíprocas são atribuídas ) ou auto-atribuídas ( responsabilidades que julgamos dever atenter).

Vamos então estabelecer uma relação com o Jornalismo. Será que já paramos para pensar o tamanho da responsabilidade existente na prática jornalística, e a pressão que isso acarreta? Incomensurável!!! Checar fontes, evitar manipulação e inclinação ideológica que prejudique a mensagem a ser passada, apurar fatos, atender ao chefe, cumprir prazos e agradar ao público é muita responsabilidade.

É por essa razão que eu passo a prezar tanto por jornalistas que tenham em sua pessoa a "responsabilidade auto-atribuída", citada acima. Pessoas assim possuem princípios e caráter acentuados, que guiarão sua carreira e sua produção textual da forma mais responsável possível. Que possamos, todos nós, ser enquadrados nesse requesito, desde jornalistas, escritores até médicos, engenheiros, trabalhadores braçais. Que possamos moldar nossa existência e nossa atividade profissional por idéias e conceitos que proporcionem o bem comum e uma consciência traquila.

pra quem estiver interessado, o livro é "Jornalismo Versus Privacidade", de Deni Elliot

Por Danilo Vital

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Nostalgia e memória seletiva

Quando eu tinha cinco anos, eu tirei uma foto para a escola. Estava no Jardim II. Na foto eu segurava um lápis bobo em cima de uma folha boba na qual havia uma casa boba desenhada. Era para dar a impressão de que eu havia feito o desenho bobo.
A minha cara, como o sagaz leitor deve imaginar, era uma cara de bobo. Não é o que minha tia disse quando viu a foto. Ela disse que eu estava com cara de “puto relaxado” e sabe lá o que ela quis dizer com isso. Deve ter algo com minha cara de doce narcisismo – característica negativa em adultos, mas considerada até engraçadinha nas crianças – já que desde as minhas primeiras palavras, eu demonstrava a minha tendência a enaltecer minha beleza entre outras inúmeras qualidades.
A idéia de falar sobre a foto é justamente remeter o leitor aos meus tempos de infante. Esse me parece um tema recorrente em meus pensamentos e, por mais de uma vez, me sinto obrigado a escrever sobre ele: como gostamos do passado, não?
Não quero, no entanto, transformar esse saudosismo em uma temática perene. Certo é que caso isso acontecesse, daqui a pouco eu estaria fadado a contar sobre a vida pastoril, as paisagens bucólicas e minha vida na cabana com Marília de Dirceu, porém não me identifico com a obra árcade.
Mas para voltar ao assunto central, lembrar-vos-ei de que em 1992, ano da foto, eu não me preocupava com faculdade, nem com emprego e achava que o papai era uma fonte inesgotável de dinheiro. Foi um tempo de regozijo, aos sábados eu ia à feira (ou aos domingos, não me lembro direito), e depois, como de praxe, a visita à casa da vovó.
Curioso é que eu não tinha, como muitas crianças naturalmente não tem, uma clara noção da passagem do tempo, no que dizia respeito ao passar dos meses e anos, de forma que o Natal e Ano Novo vinham de surpresa para mim. Um belo dia e de repente: - Filho, hoje é Natal! – dizia a mamãe.
De qualquer forma, a lição importante que eu tiro dessas lembranças é que a vida passa rápido (uma conclusão brilhante e inédita, aliás). É, portanto, fugaz, e é necessário que saibamos aproveitar os momentos mais doces, mesmo que sejam simples ou não sejam de suntuosidade. Digo isso porque depois de 15 anos, eu lembro apenas das coisas pequenas, aquelas mais curiosas e íntimas para mim. As coisas grandes e notórias são banais, pouco específicas e são de conhecimento de todos. Mas as nossas idiossincrasias, manias, peculiaridades, essas que fazem valer a máxima de que recordar é viver.
No entanto, é inevitável a ponderação: A infância era tão legal assim? Em geral, podemos dizer que sim, mas só porque pensamos nos fatos felizes. E o que acontecem com as memórias infelizes, então? Bem, essas nós nos condicionamos a superar e, depois de tempos, fica a impressão – justa, eu diria – de que elas apenas representaram crescimento pessoal e aprendizado. E nossos problemas atuais, esses sim nos afligem. E no final das contas, parece que tudo era melhor antigamente, mais feliz, bonito e romântico.
Hoje em dia a vida é muito chata, não? Muitas guerras, problemas no mundo (e julgo ser impossível passar inerte a eles), problemas pessoais, desemprego, violência urbana, etc. Certamente é cedo para dizer que a vida é chata, logo cedo aos meus rijos e prósperos 20 anos, e é com toda certeza que se trata de um exagero de minha parte. Mas periodicamente a nostalgia nos alcança, e as minhas queixas se justificam hoje, se justificaram ontem, e se justificarão amanhã. Tudo por causa dessa tal memória seletiva.
E, pensando bem, acho que não é a vida que é chata. Chato é o ser humano, que é muito insatisfeito, reclama de tudo e sempre consegue encontrar defeitos até nas coisas mais positivas...Droga, queria ter 5 anos de novo.

por Fernando Mendes

terça-feira, 8 de maio de 2007

Continuando Uma discussão começada em aula, eu gostaria de falar um pouco sobre o medo. Não o sentimento que pode ou não preservar nossa vida, resguardar nossa alma ou manter coeso o nosso sistema de governo. Mas, sim, alguns medos específicos, referentes a um comentário do professor Dimas Kunsch na nossa aula de Filosofia do dia 8/5. Ficamos por ele intimados a nos desvencilhar da nossa aversão pela auto-avaliação, a uma estrutura auto-imposta por nós alunos, diferente da usual, hierárquica, na qual estamos entregues aos critérios de um professor num sistema quase autocrático que nos limita, mas também nos resguarda de cometer erros, de receber críticas, de expor nosso pensamento a outras pessoas.

Para ilustrar este ponto, eu proponho uma visão um tanto superficial da graphic novel Midnight Nation (2003, Joe’s Comics), do autor Joseph Michael Straczynski, ilustrada por Gary Frank.

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Em Midnight Nation Straczynski narra a história de David Grey, um detetive de Los Angeles que está investigando um assassinato brutal. Seguindo pistas, ele chega ao suposto assassino, mas, quando é forçado a matá-lo, Grey é atacado por criaturas que parecem duendes. Ele acorda um tempo depois num hospital apenas para descobrir que as pessoas à sua volta se tornaram translúcidas e não podem mais vê-lo. De início, a única pessoa com quem ele consegue interagir é uma mulher chamada Laurel, que se apresenta como sua guia. Ela explica que Grey perdeu sua alma e que agora se encontra preso num mundo de sombras paralelo ao nosso, habitado por aqueles que foram esquecidos pela sociedade. Resta a ele, como última esperança, atravessar o país a pé em menos de um ano e retomar sua alma daquele que a roubou (essencialmente Satanás), ou ser transformado num “Andarilho” nome dado às criaturas que o atacaram previamente. Straczynski diz que esta obra é uma obra sobre a qual ele “derramou muita emoção, muitos sentimentos pessoais e história e crença, cobrindo vida, morte, religião, Deus, como nós alcançamos significado... Tudo isto equilibrado sobre uma viagem de duas pessoas através do país, uma buscando sua alma, outra enviada para ajudá-lo ou matá-lo, dependendo do fim da história”.

É durante esta travessia que Straczynski narra um encontro entre Laurel, Grey e alguns habitantes deste mundo no meio do deserto. Cruzando o sudoeste dos Estados Unidos ao longo de estradas interestaduais que cortam o deserto, David e Laurel se encontram sem comida. Tendo que entrar no deserto para buscar alimento, na vastidão plana que eles avistavam da estrada magicamente surge uma depressão, na qual um grupo de pessoas se reúne ao redor de uma fogueira. Estas pessoas se recusam a abandonar seu acampamento ou se distanciar muito do fogo, comendo animais que por ali se aventuram e bebendo água da chuva, por medo do desconhecido além de seus pequenos vales. E, para passar o tempo, estas pessoas contam histórias sobre como acabaram neste lugar e sobre suas vidas. Todas as histórias têm dois pontos comuns: Primeiro, o indivíduo busca se engrandecer, justificando suas ações e se recusando a ver como elas levaram a resultados desastrosos. Segundo, o medo permeia todas elas.

Eu acabei por escolher três fobias para simplificar e exemplificar o medo das personagens na história e o medo paralisante identificado pelo professor Dimas. A fobia social, ou o medo de ser avaliado de forma negativa socialmente, a eleuterofobia, ou medo da liberdade, e a metatesiofobia, ou medo de mudanças. Tentarei explicar cada uma brevemente e como elas se relacionam como o assunto.

Estas três fobias são algumas das mais comuns entre os seres humanos, animais sociais e de hábitos, naturalmente confortáveis em suas rotinas e padrões de comportamento. Muito já foi dito e por diversos especialistas nas áreas do estudo do ser humano sobre a inabilidade do indivíduo em reagir positivamente a um novo elemento em sua vida. Seja uma nova pessoa, uma nova situação ou simplesmente uma nova idéia exterior à experiência individual. Pode-se dizer até que é parte do mecanismo de auto-preservação do ser humano. No entanto, é uma característica que nos mantém presos a situações às vezes desfavoráveis simplesmente porque já estamos acostumados com elas. Somente com o uso da razão, da análise e da experimentação (direta ou indireta) é que novos elementos são incorporados ao cotidiano. Mas o medo da mudança é sempre presente.

Da mesma forma, é comum ouvir discursos, principalmente quanto à regulação governamental nos nossos dias, defendendo o cerceamento das liberdades individuais em favor de maior segurança. É um medo quimérico, com duas facetas principais. Uma é o medo da liberdade do outro. Quanto mais liberdade o outro possui, maior é o medo da capacidade dele em invadir o meu espaço e influenciar minha existência de forma negativa ou adversa aos meus objetivos. A outra faceta é o medo da liberdade própria. Quanto maior a minha liberdade, maior será a exigência sobre mim para tomar decisões, responsabilidade e simplesmente pensar. Pior, maior será a probabilidade de que, sem instruções e regras e restrições, eu aja equivocadamente e seja criticado pelos meus pares, exposto por minhas falhas.

Este medo, de que os outros julguem-nos inferiores ou de menor valor é, talvez, a fobia mais comum. Também porque esta fobia vem mascarada por todo o tipo de racionalização, justificativa, relativismo, desculpa e até mesmo por outras fobias. A baixa aceitação social, o medo do fracasso não por si só, mas pelo seu estigma perante nossos pares é o que mais facilmente paralisa o indivíduo, agindo contra a inovação sugerindo a segurança da adequação, contra a iniciativa reforçando o suposto valor da rotina e contra a ação superestimando a estabilidade, mesmo que isto perpetue uma situação que denigre o caráter humano e impede a edificação do indivíduo.

David Grey de Midnight Nation se recusa a ser igual às pessoas reunidas em volta da fogueira, paralisadas por seu medo, e decide enfrentar qualquer perigo que possa realmente existir no deserto além das bordas do barranco que os cercam, retornar à estrada e continuar sua viagem. Ele estava cansado das mesmas frases repetidas à exaustão: “melhor o mal conhecido ao desconhecido”, “Não podemos confiar em nada que existe além das bordas do barranco”, “A estrada pode matar”, “melhor ficar onde estamos”. A visão metafórica que Straczynski e Frank produzem na última página da quarta edição na qual esta estória está contida fala volumes.

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Eu estava agarrado à minha posição e à minha cadeira na sala de aula, na turma aberta em círculo, são e salvo no brilho familiar do fogo no centro do círculo, regalado no escárnio a novas propostas, escondendo e escondido do meu medo. Mas as palavras que eu ouvi me forçaram para além das bordas. A visão da estrada é ampla, e eu pretendo continuar nela.
Texto escrito por Carlos Senna.