quinta-feira, 29 de março de 2007

Humanize já! (e viva o diálogo!)

Oi pessoal! Este é o meu primeiro post aqui no blog, mas não será um texto teórico ou didaticamente filosófico. Para falar a verdade, nem tem muito a ver com Sócrates ou com sua defesa, porém traz certa reflexão sobre o cotidiano e alguns questinamentos, o que não deixa de ser filosofia. Nessa semana, nosso grupo se reuniu na terça e na quarta-feira à tarde para elaborar o seminário sobre a Apologia de Sócrates, que vamos apresentar em Abril. Talvez seja típica a cena de um grupo um tanto numeroso de alunos se reunindo para fazer um trabalho (somos dez integrantes): começam bem, com certa seriedade se sentam juntos para discutir sobre suas tarefas, mas acabam puxando um assunto aqui e outro ali e, quando finalmente se dão conta, estão há muitos preciosos minutos conversando (porque, afinal de contas, todos querem terminar o trabalho o mais rápido possível, almoçar e se mandar para casa, certo?), contando casos e histórias, o que muita gente diz que é jogar conversa fora, ficar dispersando, viajando...só que nestes minutinhos muita coisa aconteceu e nem nos demos conta.
Quando paramos para conversar com uma pessoa de maneira informal, quebrando, de certa forma, nossa rotina ou planos, não deveríamos considerar que estamos perdendo tempo. Essa expressão "jogar conversa fora" nem deveria existir! Digo isso porque, se uma conversa com determinada pessoa for realmente tão descartável que não vá lhe acrescentar nada ou ainda aborrecê-lo, simplesmente ela não existirá. Será evitada. Por que nos daríamos o trabalho de passar uma parte de nosso tão precioso tempo fazendo algo tão inútil e não prazeroso? Dessa forma, acredito que, se paramos para falar com alguém, é porque há um bom motivo (mesmo que na hora a gente não perceba). Não estou dizendo aqui que o certo é parar todas as atividades do dia como trabalhos, aulas, leituras, etc. para ficar papeando, só que deveríamos dar mais importância e praticar mais o contato com as pessoas, o relacionamento humano, ao invés de nos contentarmos em "conversar" lendo mensagens numa tela de computador ou celular. O contato direto com o outro é fundamental na construção de um ser humano como indivíduo, como cidadão. Conhecer a história, as origens, gostos pessoais e opiniões diferentes contribui para com a diversidade e a convivência na sociedade, uma vez que, com o contato real, podemos nos colocar no lugar do outro e entender seu ponto de vista sobre o mundo, o lugar que ele ocupa. Como é bom poder descobrir coisas sobre seu colega que você nunca tinha imaginado, saber onde ele estudou, de onde ele veio, o que gosta de fazer em seu tempo livre; ficar sabendo que ele tem uma banda legal, que o outro gosta de ler quadrinhos, que a sua amiga mora em Santos, que seu outro amigo mora em Jundiaí (e chega em casa antes do que você, que mora em São Paulo - pasmem!)...além disso, é muito saudável a discussão de opiniões, a verdadeira troca de idéias e argumentos, aprender e ensinar com o outro. Tudo isso é muito importante!
Não é um absurdo o fato de já não conhecermos mais os nossos vizinhos? E de não cumprimentarmos aquelas pessoas que vemos todo santo dia no corredor, no elevador, na padaria, na biblioteca?
Encontrei o Dimas quando estava saindo da faculdade naquele dia e ele ficou muito feliz de saber que na nossa reunião de trabalho nós conversamos tanto. Até a redação da Ivonete tinha um questionamento no tema e nos textos de apoio que era muito parecido com o que escrevo aqui. Mas foi uma coisa que me fez parar pra pensar. Me lembrei da minha avó, que tanto se esforça para dar atenção a todos que estão à sua volta, incluindo os vizinhos, o porteiro, a cabeleireira. Nosso mundo hoje está cada vez mais individualista, artificial e frio. Não há respeito ou tolerância pelas diferenças entre cada um, as relações são falsas e superficiais. E só depende de cada um de nós mudar o jogo para construir uma sociedade um pouquinho mais humana, interessante e feliz. Então por que você não desliga seu computador, vai fazer um bolo e aproveita pra levar um pedaço pra sua vizinha?
Beijo pra vocês,
Bárbara

3 comentários:

Felipe Vilasanchez disse...

Lembrei do professor Dimas falando: O Sócrates gostava de ficar conversando na rua...
uhahua
gostei do texto :D
(Y)

Laís Clemente disse...

É mais ou menos como a história do Celso em que na hora do Parabéns todos gritaram "estagiária! estagiária!" por não lembrarem o nome dela.

Fazendo essa observação não quero tirar a minha parcela de culpa, pois todos os meus vizinhos (sejam os de Santos ou os de São Paulo) se chamam "vizinho" e são praticamente a minha previsão do tempo. Diariamente, mesmo antes de colocar os pés fora do prédio, já sei se chove ou se faz calor no Gonzaga.

E quem não sabe fazer bolo, não faz amizade com os vizinhos? =(



Viva o papo furado! \o/


Laís

Gabriel H. disse...

Não sei quem disse que jogar conversa fora é perda de tempo. Você disse tudo: jogar conversa fora é mto útil sim (e as vezes até mais do que uma conversa dita séria).

Parabéns pelo blog.

Abraços,
Agá
PS: Sou do JoC e o meu blog é o http://sardinhaemlata.blogspot.com