quinta-feira, 22 de março de 2007

Utopia, John Lennon e Joseph Proudhon

A palavra utopia define um plano teórico que não pode ser realizado, e foi cunhada à partir da obra de Thomas Morus, Utopia, que descreve um país imaginário de mesmo nome.
John Lennon, em sua mais famosa canção, Imagine, descreve um mundo onde não há religiões, países, posses, ganância e fome. É, portanto, uma descrição utópica que tem como função, emocionar as pessoas que a escutam, provocando uma reflexão sobre o destino qual estamos levando o mundo, através de nossas atitudes.
Se Sócrates estava certo em afirmar que os poetas não detinham conhecimento algum – sobre suas próprias obras inclusive – e a composição de suas poesias se dava apenas por um impulso criativo, um dom natural, estado de inspiração, bem como “os adivinhos e os profetas” (palavras do próprio Sócrates, retiradas da “Apologia de Sócrates”, escrita por seu discípulo, Platão), então Lennon nada sabia sobre a Utopia de Morus, ou as teorias anarquistas de Pierre-Joseph Proudhon.
Nesse caso, acredito que o ex-beatle escreveu a celebrada música apenas movido pela sua paixão pelo mundo e o desejo de que a humanidade, um dia, viva em paz. No entanto, a relação com o mundo utópico de Morus e a anarquia de Proudhon é inevitável.
Uma análise da letra da música em questão permite ver claramente que há uma idéia comum a todos. Eles idealizam uma sociedade perfeita e justa e, por mais que os anarquistas não admitam, as três sociedades idealizadas por cada um são inviáveis do ponto de vista prático.
As críticas mais significativas que são comuns aos três estão a seguir:
“Imaginem não haver propriedades”, cantava Lennon. Esse trecho da música dialoga tanto com os pensamentos anarquistas, sintetizados pela frase “A propriedade é um roubo”, proferida por Proudhon, no século XIX, que deu título a uma de suas obras, quanto com o ideal utópico de Morus, que tempos antes, foi o precursor das teorias socialistas que tentaram criar uma sociedade baseada na comunidade de bens.
A crítica de Lennon à religião também é encontrada na Utopia, porém, nesse caso há uma divergência, posto que Lennon imagina a ausência de religiões, e Thomas Morus descreve um mundo em que apesar das religiões terem representações diferentes para povos diferentes, a maioria das pessoas(as mais sábias, de acordo com ele) reconhece um Deus único, supremo, e é a Ele que se prestam homenagens. Já a crítica anarquista à religião, consiste em não reconhecer as instituições religiosas(apesar de não serem ateus), essas que fornecem condições para a subjugação de uma classe por outra.
De qualquer forma, mesmo que com visões diferentes, os três autores em questão se relacionam, pois o produto final de suas idéias, é, grosso modo, o mesmo, ou seja, uma sociedade horizontal, sem hierarquias, na qual todos são livres e vivem em harmonia. “And the world will live as one”.


Texto por Fernando Mendes

Um comentário:

Bárbara Monteiro disse...

ah eu adorei essa de colocar john lennon no meio =) genial!
agora uma provocação/opinião muito pessoal:
a utopia pode até ser inatingível, impossível na opinião de muitos, mas será que, sem ela, sem um ideal e um propósito, nós algum dia conseguiremos realmente buscar um mundo melhor, ter objetivos e ambições? acho que não...a utopia é necessária para que se pense na situação atual e em como tudo poderia ser, ficar bem melhor. tudo bem que as vezes é inviável ou muito, muito dificil mesmo...mas nada é impossível! esse ideal nos leva a lutar pelo mundo que queremos, pelo que achamos certo, pelo que sonhamos. viva a utopia =)

p.s.
briguem e discordem comigo, por favor! hahahaha